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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Crianças precisam ser crianças

Hoje lendo a coluna da Rosely Sayão na FSP, inspirei-me para escrever aqui o que há muito já preconizo: deixem suas crianças serem crianças.

Bons tempo aqueles que vivi na infância onde passava as tardes andando de bicicleta nas ruas (sim, nas calçadas mesmo, sem muros de condomínios fechados), brincando num terreno baldio cheio de pedras,cacos de vidros, aranhas,ao lado do prédio da Rua Maranhão, pulando o muro para entrar na fonte da FAU que era bem em frente.

Caíamos todos os dias das árvores, minhas calças tinham todas um remendo de couro no joelho e ele próprio, coitado! marcas permanentes de uma infância feliz.

Isso para não falar das janelas do 7o. andar onde morávamos ou do 4o. onde morava minha amada avó que nos recebia todas as tardes enquanto minha mãe dava aulas. Não havia redes de proteção! Pasmem! E, sinceramente, não tenho na memória absolutamente nenhum trauma de amiguinhos que caíram de janelas de seus apartamentos. Toda criança sabia que janela era para se respeitar e ninguém saia pulando delas para baixo todo dia.

Quebrei meu dente de leite central pulando corda e o mesmo dente, permanente , ficou com um pedaço a menos graças a uma corrida de carrinho de rolimã. Nada que um bom dentista não arrumasse depois.

Não quebrei braço, perna ou clavícula, embora achasse o máximo os amigos que iam para a escola com gesso e todos podiam assinar e desenhar nele. Posso até dizer que não tive essa felicidade!

Não sou contra pais que querem proteger seus filhos, pelo contrário, hoje o nosso mundo pede atitudes mais rigorosas em relação a alguns pontos de risco.
O que me espanta é o exagero:
Esta neurose em relação à assepsia deixando crianças normais adquirirem a alergia do isolamento (sim, tipo de alergia provocada pela falta de costume à exposição à antígenos do ambiente em que vivem), proibidas de se sujarem na terra, impedidas de testarem seus próprios limites, aprendendo com seus erros e acertos.

Estamos criando bonecos sem autonomia nem para atravessar uma rua sozinhos.

Para os desavisados, sou mãe de 4 filhos e tenho experiência para falar disso tudo como mãe também. Muitas amigas se surpreendem quando eu  deixo os menores ( 6 anos) na esquina da escola e espero observando de lá sua entrada pelo portão. "Você não os leva até a classe?" muitas perguntam.
Não, não levo. Eles são perfeitamente capazes de andar alguns metros sem minha companhia e o fazem felizes da vida, experimentando e usufruindo de seu direito de liberdade. São crianças livres, conscientes de sua capacidade de agir em várias situações sem ajuda dos pais.

Minha mais velha (agora com 18 anos), aos 12 foi sozinha para Londres, estudar. Tudo correu muito bem, graças às experiências adquiridas em anos anteriores em relação à sua autonomia.

É preciso que se entenda que a vida é cheia de obstáculos. Mais cedo ou mais tarde nossos filhos serão apresentados a eles e terão que saber vencê-los sozinhos. Quem não experimentou dificuldades antes estará  sujeito à enfrentar uma auto estima em queda e outros problemas.

Ensinar seus filhos a respeitarem seus limites e os dos outros também é mais importante do que curar um joelho esfolado.

Doslimites físicos passaremos sem nehuma dificuldade aos limites emocionais e éticos. Sempre mostrando a eles que a vida tem que ser respeitada e que a liberdade é um bem precisoso.

Por isso é que, pela primeira vez gostei muito de uma propaganda de sabão em pó: aquela que dizia que criança era mesmo para se sujar. Campanha muito mais profunda do que a limpeza que o próprio sabão faz!

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